10 dicas para introdução alimentar

Chegou o momento de apresentar os alimentos ao seu filho. Veja dez dicas para facilitar o processo e deixar as refeições mais tranquilas.
 

1. Olhar o próprio prato

O primeiro contato do seu filho com os sabores começa, na verdade, quando ele ainda está no útero. Pesquisas mostram que grávidas com dieta diversificada costumam dar à luz bebês mais abertos à experimentação alimentar. "Até o leite materno fica com o gosto daquilo que a mãe come. Por isso, os cuidados com a alimentação da mulher são essenciais”, diz o pediatra Ary Lopes Cardoso, chefe de nutrologia do Instituto da Criança (SP). Mas não é só a mãe que precisa fazer sacrifícios. Afinal, como é que ela e o pai vão exigir que a criança evite doces e coma salada se essa não é a regra da casa? Caso a família não se alimente bem, uma mudança de hábitos é necessária antes que o bebê chegue à introdução alimentar.

2. Quanto mais variado, melhor

O paladar da criança começa a ser formado, normalmente, a partir do sexto mês (antes disso, a Organização Mundial da Saúde preconiza amamentação exclusiva). Os especialistas recomendam começar aos poucos, com uma papinha de fruta. Lá pelo oitavo mês, a criança já está sendo alimentada com duas porções de frutas, uma papa salgada no almoço e outra no jantar, além do leite materno. Não há regras sobre os tipos de alimentos que devem ser apresentados primeiro, mas, normalmente, as crianças preferem os sabores mais adocicados, como os da banana, pera, mandioquinha e abóbora. Você pode começar por aí, mas não se restrinja. “Doce, amargo, azedo e salgado. Elas precisam ter contato com todos os sabores para conhecer as diferenças e aperfeiçoar o paladar”, explica a nutricionista Priscila Maximino, do Hospital Infantil Sabará (SP).
 

3. Amassada e aos pedaços

O método BLW (do inglês baby-led weaning) consiste em deixar alimentos cortados ao alcance da criança, que se serve da maneira que quiser. Desde que se popularizou, ele vem causando polêmica.Os estudos se dividem entre os que apontamos ganhos dessa autonomia e os que dizem não haver vantagem nutricional no método. Já os pediatras costumam indicar as papas amassadas. Para Priscila, o melhor é mesclar as duas formas. “As frutas podem ser dadas em pedaços, para comer com as mãos. Outras refeições ficam melhor amassadas.” Cardoso reforça a importância de oferecer diferentes consistências para o bebê. “Dê o gomo da laranja em vez do suco, deixe chupar um pedaço de carne. Quanto mais ele aprende a mastigar com a gengiva, melhor será o direcionamento dos dentes ao nascerem.”
 

4. A regra dos 15

Você deu um caqui, ele cuspiu.O maior erro é assumir a derrota e deixar a fruta de lado. Primeiro porque é natural que o bebê jogue os alimentos para fora coma língua. Afinal, ele está imitando o movimento de sucção. Mas mesmo quando ele não quer comer de jeito nenhum, dá para tentar mais. “Os pais devem oferecer de 12 a 15 vezes o mesmo alimento para que o bebê aprenda a gostar”, diz a pediatra e nutróloga Jomara de Araújo, da Associação Brasileira de Nutrologia. A insistência não pode ser feita de qualquer maneira. O ideal é que se espere alguns dias para tentar novamente e que o alimento venha apresentado de diferentes maneiras. Por exemplo, um dia a cenoura vem ralada no arroz, depois, cozida em pedaços. No terceiro dia, tente purê ou bolinhos, e por aí vai.
 

5. Exemplo à mesa

O seu filho vai aprender a comer ao observar a família. É importante que, desde o começo da introdução alimentar, ele se sente à mesa e consuma os mesmos alimentos que os pais (de preferência com as devidas adaptações de consistência). O momento fica mais especial quando distrações como TV e tablet são deixadas de lado. Se houver um cadeirão, conforme explica a pediatra Teresa Uras, do Hospital Samaritano (SP): “Ele permite que a criança não só participe da refeição em família como aumenta o campo de visão. Ela vai ver o entusiasmo dos pais com algum alimento e ficará mais propensa a prová-lo, mas também pode perceber a cara feia para a beterraba e reproduzir o comportamento”.

 

6. Não force e não substitua

“Ou come tudo ou não sai da mesa”. “Só ganha a sobremesa se raspar o prato”. “Seu irmão está comendo tudo. Por que você não?”. Frases como estas devem ser evitadas, já que vêm acompanhadas de uma associação negativa do alimento. Em outras palavras, podem gerar trauma e dificultar ainda mais o trabalho. Por mais que ele se negue a comer, tente manter a neutralidade emocional para não transmitir nervosismo. Segundo Cardoso, outro hábito a ser evitado é substituir as refeições pela mamadeira. “Quando você faz isso, está ensinando ao seu filho que é só se negar a comer para ganhar o leite, e fica tudo bem”, diz. Aqui vale a frieza: ele se recusou a comer, você tira o prato e encurta o tempo do próximo lanche.
 

7. Tamanho do prato não é documento

Seu filho comia bem até que, de repente, começou a dar trabalho nas refeições? Calma, é normal. Cardoso explica que as grandes necessidades nutricionais surgem no primeiro ano de vida, quando é esperado o acréscimo de mais ou menos seis quilos.“Nunca mais a criança terá um ganho de peso tão grande. Isso quer dizer que ela não vai precisar de tanta comida”, diz ele. Ou seja, a ingestão de alimentos vai diminuir, porém, o peso deve continuar aumentando. Caso isso não aconteça, converse como pediatra.
 

8. Doce para que te quero

Brigadeiro é tão gostoso que fica difícil resistir. É claro que, cedo ou tarde, o seu filho será apresentado a ele (as festas de aniversário estão aí para promover isso). No entanto, você não precisa incentivar esse encontro. “A criança tem necessidade de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, sais minerais e água. Durante o primeiro ano de idade, o doce deve vir apenas das frutas. Após esse período, se ele for muito necessário, tente substituir o açúcar refinado por mel ou açúcar mascavo”, aconselha a nutróloga Jomara, da ABN.
 

9. Tempero amigo

Nós, adultos, estamos acostumados como sal, mas a criança não. Portanto, não sentirá falta dele. Até os 12 meses, a recomendação é substituí-lo por outros temperos, como salsinha, cebolinha, cebola e hortelã. “A Organização Mundial da Saúde fala em dois gramas de sal por dia para crianças maiores de 2 anos, o que dá uma colher de chá. Antes disso, ela não especifica, mas orientamos os pais a ter bom senso. A comida não precisa estar insossa, mas use o mínimo de sal”, diz Cardoso. Vale lembrar que sal marinho e o sal do Himalaia têm menos sódio.
 

10. Cuidado com os industrializados

Não tem como negar: as tranqueiras industrializadas são práticas e seus filhos as veneram a partir do primeiro contato. Mas não se iluda, essa facilidade tem um preço alto. Os dados da última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher revelam que mais de 7% de crianças brasileiras de 0 a 5 anos têm sobrepeso. Em níveis mundiais, estima-se que uma em cada dez crianças é obesa. Vale lembrar que obesidade aumenta o risco de diabetes, colesterol alto e hipertensão, doenças de adultos que batem na porta cada vez mais cedo. Para evitar tudo isso, fuja de fritura, salgadinhos, refrigerante e outros alimentos ultraprocessados e cheios de açúcar, sódio, gordura e corante.


Sabe o que ajuda? Fazer mais refeições em casa e trocar o passeio em shoppings por praças, parques e vida ao ar livre. “Estimular o contato das crianças com alimentos saudáveis é fundamental”, diz Priscilla Moretto, especialista em alimentação infantil e proprietária da Tangerine Petit (SP), de comidas orgânicas. “Leve-as à feira, deixe que toquem nos alimentos, instigue os sentidos, mostre as diferentes cores e texturas, peça ajuda nas preparações.” E dê o exemplo, sempre!


Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Alimentacao/noticia/2016/06/10-dicas-para-introducao-alimentar.html

Tags: tutti baby, introdução alimentar, dicas para introdução alimentar

Compartilhe: